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Fostering, Parte 2: Quando a gente diz “sim”

Era um lindo dia de primavera, colorido e ensolarado. Eu corria pelos floridos campos escoceses, em câmera lenta, com meus cachos ao vento e meus pés descalços sentindo o fresco orvalho da manhã. A ampla saia do meu romântico vestido rodado subia e descia em ondas, ao som de suave música celta. Ao fundo, escutava-se o som da chuva (apesar de estar ensolarado), de gaitas de foles e …. 

Epa, esqueci que não estou no Instagram! Perdão, segue uma versão mais realista dos acontecimentos: 

Era um típico dia de primavera, cinzento e chuvoso. Eu caminhava por uma pequena trilha, com meu look impermeável “Mountain Warehouse” da cabeça aos pés, e meus cabelos tão emaranhados pela chuva e pelo vento que percebi um corvo me olhando estranho e avaliando se poderia colocar seus ovos ali. Ao fundo, escutava-se o som das ovelhas. Ao raso, o “splash-splash” das minhas botas na lama e, de repente, o meu celular, que tocava alto apesar do fraco sinal da região. Era a minha assistente social, Claire*: 

“Fostering”, ou “família acolhedora”: você já ouviu falar disso?

Faz um tempo que ando dividida entre a resistência em expor uma parte da minha vida que considero privada e a utilidade de falar sobre um assunto que mexe muito comigo e que mudou a minha vida significantemente. Com esse post, está decretada a vitória da última opção. 

No mundo todo, existem situações em que crianças não podem mais ser cuidadas por suas famílias e precisam ser retiradas de casa. Os motivos que levam a isso são muito diversos, mas é bom lembrar que a culpa NUNCA é da criança. Alguns exemplos que constituem a maioria dos casos, aqui no Reino Unido são: mães/pais com problemas de alcoolismo e/ou vícios em outras drogas, com problemas de saúde mental, violência doméstica, agressões, negligência, envolvimento com criminalidade e/ou entrada em sistema prisional, entre outros. 

Quase nunca, ao contrário do que se pensa, essas crianças entram no sistema de adoção imediatamente. Muitas vezes, os problemas são temporários, e busca-se apoiar as famílias para que consigam seus filhos de volta, visando a reintegração. Só quando, e se, todos os recursos forem esgotados é que se considera a possibilidade de adoção. Tudo isso – investigação e avaliação do problema, trabalho com família de origem, avaliação de pais e familiares, das necessidades da criança, etc – leva tempo. E, durante esse tempo, em que o futuro de uma criança vulnerável está sendo decidido, quem cuida dela? 

Abrindo uma Baby Box da Escócia

Desde 2017, todos os bebês nascidos na Escócia ganham uma “Baby Box” como essa, cheia de itens considerados essenciais para os primeiros meses de vida.A ideia surgiu na Finlândia, onde já existe há mais de 80 anos e inspirou projetos semelhantes em mais de 60 países. Você já tinha ouvido falar nessa caixa? Tem algo assim onde você mora? Eu lembro que, no Brasil, ganhei sim uma malinha com algumas coisinhas, como termômetro e fraldinhas (não lembro o resto!).

PS: Vídeo amador, como sempre, sem grandes edições, mas o objetivo de mostrar a caixa foi cumprido!

Loch an Eilein (O Lago da Ilha)

Fotos de outubro, de quando pedalamos até e ao redor de todo o Loch an Eilein (O Lago da Ilha), que fica em meio à floresta de Rothiermurchus. 😍 Existem poucas informações sobre esse castelo da ilha, mas acredita-se que seja do século XIV, e foi abandonado no século XVIII. Fontes antigas falam de um caminho de pedras, em zigue-zague, por baixo da água, até a ilha, mas isso nunca foi encontrado.

Gorse, a florzinha amarela que domina a paisagem na primavera

E o gorse (“tojo”, em português) já anda florescendo por aqui.

Este arbusto espinhento, de flores amarelas, cresce por tudo e cobre as paisagens de amarelo durante os meses de primavera e verão, antes de secar.

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