Braemar e o Castelo Kindrochit

Braemar é um dos meus vilarejos favoritos aqui na Escócia (minha lista é grande, mas este ocupa um lugar especial). Fica em Aberdeenshire, no coração do Parque Nacional de Cairngorms, e perto do Royal Deeside, onde fica o Castelo de Balmoral, da família real.

Por estar perto, os Highland Games de Braemar costumam ser sempre frequentados por membros da família real, e não é incomum que a Rainha Elizabeth II participe da abertura dos jogos. Várias lojinhas e mercados locais também fornecem produtos para o castelo. Não é novidade para ninguém que tia Liz adora o Balmoral e toda esta região. Mesmo agora, velhinha, ela faz longas caminhadas pela região, que é cercada de montanhas, florestas de pinheiros e vales cheios de vida silvestre.

No ano passado, enquanto fazia uma de suas caminhadas, acompanhada de um segurança (lógico, né?!), a Rainha foi abordada por um grupo de turistas americanos, que estavam fazendo trilhas ao redor do Balmoral. Eles pediram direções e, após ela informá-los que caminho deveriam seguir, eles perguntaram se ela morava na região. “Sim, moro bem perto daqui”, ela respondeu. Um deles perguntou “E a senhora já viu a Rainha?”. “Não”, tia Liz respondeu, “Mas ele já.”, e apontou para o segurança, que a acompanha há mais de trinta anos. Os turistas conversaram mais um pouco e seguiram adianta, sem se dar conta de que tinham acabado de bater um papo com a Rainha Elizabeth II.

Ela voltou para o Balmoral contando para todos o episódio, e achando a maior graça. Acredita que não tenham a reconhecido por causa do jeito mais informal que ela gosta de ficar quando está aqui na Escócia.

Voltando à Braemar, o vilarejo é simplesmente uma graça, cercado por muito verde e com um ar rústico que adoro.

Existem dois castelos em Braemar, o Braemar Castle, construído no século XVII e pertencente ao chefe do clã Farquharson. O castelo é aberto para visitação durante os meses de verão.

[Atenção, não existem mais clãs na Escócia, não se iludam, mas a palavra clã é usada para representar associações de famílias com o mesmo sobrenome. No caso do dono deste castelo, ele provavelmente sabe toda a árvore genealógica dele e “herdou” o título de “chefe do clã”, algo puramente ornamental.]

E o outro, bem menos conhecido – aliás, a MAIORIA dos turistas passa por Braemar sem sequer percebê-lo, é o Castelo Kindrochit.

Construído por volta de 1390, era um refúgio de caça do Rei Robert II mas, posteriormente, pertenceu a vários outros nobres.

No século XVII, quando souberam que havia casos de Peste dentro do castelo, os habitantes do vilarejo trancaram todas as entradas do Kindrochit, para não deixar que ninguém saísse de lá e a Peste de espalhasse. Não contentes com isso, usaram canhões para destruir partes do castelo e bloquear completamente qualquer saída. Os moradores do castelo, desesperados, não conseguiram escapar e morreram todos lá dentro.

O castelo foi abandonado como um local pestilento, e o tempo se encarregou de transformá-lo em ruínas.

Em 1746, um soldado resolveu explorar as ruínas, e desceu pelo buraco de uma torre destruída, para ver se encontrava algo de valor. Saiu apavorado de lá, contando que um fantasma apareceu e se sentou em uma mesa cheia de crânios.

Nos anos 20, as ruínas foram escavadas, e um projeto do governo local restaurou as ruínas e as abriu para visitação.

Uma coisa é caminhar por aí, bater umas fotos, achar interessante. Outra coisa é saber a história de cada lugar, concordam? Eu acho que faz toda diferença.