Eles parecem saídos de um filme de terror mas, se você vivesse na Escócia do século XVII, e tivesse sido acometido pela Peste, ia querer que um desses entrasse na sua casa. Os “Médicos da Peste” eram a última esperança de quem já havia sido contaminado. A má notícia é que eles raramente conseguiam curar seus pacientes.
Em uma época em que se acreditava que as doenças surgiam e eram transmitidas por cheiros fétidos e venenosos (teoria miasmática da doença), essa estranha máscara servia para proteger os médicos de cheiros possivelmente pestilentos. No bico, eram colocadas ervas com cheiro doce, para repelir “o Cheiro da Peste”. O longo casaco de couro, e as luvas e botas do mesmo material, serviam para evitar que os “miasmas” penetrassem nas fibras dos tecidos de roupas comuns. Não serviam para os miasmas, mas devem ter evitado picadas de pulga, pelo menos (que eram as reais propagadoras da doença).
Os tratamentos eram tão ineficientes quanto o traje de proteção: romper os cistos para drenar o pus, ou colocar fezes humanas sobre ele, o que provavelmente ajudava a aumentar a infecção. Era tudo experimental. Eles realmente não faziam ideia do que fazer porque sequer entendiam a doença.
Em Edimburgo, eles eram contratados pelo Conselho da Cidade, o que significa que atendiam todos, pobres ou ricos. O primeiro “Médico da Peste” oficial da cidade, John Paulitious, morreu rapidamente. Seu sucessor, George Rae, pediu uma soma exorbitante (para a época) para aceitar “o trabalho do inferno”. O Conselho concordou em pagar porque achou que ele também morreria logo. Mas Georgito era de aço, e sobreviveu a toda a epidemia. Quando chegou a hora de receber seu salário, levou um calote do Conselho. Ele passou os dez anos seguintes tentando fazer com que a cidade lhe pagasse, e morreu sem receber o dinheiro do seu trabalho. Tem quem diga que o fantasma dele ainda percorre os becos da Cidade Velha, esbravejando contra o Conselho da Cidade.
Gianandrea Wotfe
Já imaginou um medico destes entrando na sua casa??? Se não morresse da doença, morreria de susto! Ainda bem que nasci em outra época…penso no sofrimento que todas essas crendices e superstições causaram às pessoas.
Anelise
Sim, com certeza, eram uma visão assustadora. Nem me fale, a vida era muito difícil no passado.