Em dezembro de 1998, um mendigo andava rapidamente pelas escuras ruas da cidade velha de Edimburgo. Buscando um abrigo da chuva, que ficava cada vez mais forte e mais gelada, ele entrou no cemitério de Greyfriars e forçou a porta de um antigo mausoléu. Dentro, em meio à escuridão, ele retirou uma grade de metal que dava acesso a uma espécie de porão, e desceu por uma curta e estreita escada de pedra.
Lá embaixo, haviam quatro caixões. Provavelmente em busca de algo valioso, o mendigo resolveu abri-los. Enquanto tentava abrir o primeiro, o chão quebrou sob seus pés e ele caiu em uma terceira câmara, cuja existência se desconhecia na época. O infeliz caiu em um buraco profundo que havia sido utilizado para depositar os corpos de pessoas que haviam morrido na Peste Negra. O bom selamento do local fez com que os cadáveres estivessem ainda em estado de semi-putrefação, apesar das centenas de anos ali. Caído em meio a carcassas apodrecidas, gosmas estranhas, pedaços rasgados de tecidos e cabelos mofados grudados em crânios de feições afundadas, o mendigo se desesperou e saiu de lá o mais rápido possível, aos gritos, não parando nem quando um pedaço de grade fez um corte em sua cabeça, no desespero da saída.
Um guarda e seu cachorro haviam escutado barulhos estranhos vindo dali e estavam entrando no cemitério para verificar quando viram um homem imundo, ensanguentado, aos trapos e exalando um cheiro horrível passar correndo, aos berros. A visão fez com que ambos (guarda e cachorro) também corressem (esses são dos meus: primeiro a gente corre, depois a gente pensa!). Na manhã seguinte, o guarda entregou sua demissão. A noite anterior havia sido demais para ele.
O mendigo não sabia, mas o mausoléu que ele invadiu era de ninguém mais, ninguém menos que Sir George MacKenzie, também carinhosamente conhecido em sua época como “Bluidy MacKenzie” (MacKenzie Sangrento).
Em 1677, MacKenzie foi encarregado pelo rei Charles II de perseguir e retaliar os Covenanters, rebeldes que se recusaram a aceitar as novas ordens religiosas que estavam sendo impostas. MacKenzie executou suas tarefas com uma perfeição macabra que incluiu torturas públicas, enforcamentos, decapitações e exposições públicas das cabeças, que eram pregadas nas paredes da cidade. Muitos covenanters foram presos em um pedaço de terreno adjacente ao cemitério de Greyfriars, em uma espécie de prisão a céu aberto onde passavam fome e sofriam torturas variadas – o primeiro registro de um campo de concentração. Estima-se que MacKenzie tenha sido responsável pela morte de 18.000 covenanters. E parece que, agora, o mendigo o havia acordado.
No dia seguinte à invasão, e no mesmo dia em que o guarda pediu demissão, uma turista que parou para olhar o mausoléu foi empurrada para trás por “uma força gelada”. Dias depois, outra mulher foi encontrada desmaiada no chão, perto do mausoléu, com marcas vermelhas no pescoço. Ela alegou que mãos invisíveis tentaram estrangulá-la. Pouco tempo depois, o mesmo aconteceu com um homem. Mais e mais pessoas alegavam ter sido atacadas por algo invisível nas proximidades do mausoléu do velho MacKenzie.
A prefeitura de Edimburgo foi obrigada a agir, bloqueando o acesso ao mausoléu e declarando o local como de acesso proibido. Os “ataques” pareceram cessar.
Até que uma empresa de tours local conseguiu uma permissão de acesso exclusivo e passou a levar turistas lá, durante a noite, em tours-fantasmas. O dono da empresa – um cético, na época- não imaginava que o acesso ao mausoléu causaria uma escalada alarmante de episódios paranormais durante seus tours. O mausoléu é hoje considerado um dos locais mais mal-assombrados do mundo, com centenas de episódios severos e bem documentados de fenômenos físicos poltergeist. Mais de 450 ocorrências foram registradas na polícia. O número real pode ser bem maior. Desses, cerca de 180 são relatos de desmaios e perda de consciência. Os relatos incluem faíscas misteriosas, um frio repentino, cutucões, cheiros estranhos, barulhos de gritos ou risadas, e ataques invisíveis como chutes, socos e empurrões, e puxões de cabelos. Marcas de arranhões, queimaduras e hematomas apareceram misteriosamente após relatos de ataques e sensações estranhas, e uma pessoa teve os dedos subitamente quebrados, à vista de todos que estavam no tour.
Os guias costumam bater fotos e manter um registro dessas ocorrências, que acabam sendo usadas como propaganda dos tours. Muitas pessoas querem passar por uma experiência semelhante (vai entender!), enquanto outras duvidam de tudo. Jan-Andrew, um dos donos da empresa de tours e também guia tem muitas histórias para contar. A preferida dele é a de um turista americano que estava desdenhando e fazendo graça de absolutamente tudo que ele dizia, até ser misteriosamente empurrado em um grande poça de lama, perto do mausoléu. O turista alega que tropeçou, mas Jan tem certeza que foi obra do velho MacKenzie.
Em 2000, um exorcismo foi feito no local, por um ministro da igreja chamado Colin Grant. Durante o cerimonial, ele relatou a sensação de estar sendo cercado por centenas de almas atormentadas e espíritos malignos, que pareciam estar querendo quebrar as barreiras entre o mundo espiritual e o mundo físico. O exorcismo foi interrompido quando o ministro alegou que as forças ali eram poderosas demais para ele, e disse temer pela sua vida se continuasse. Semanas depois, ele foi encontrado morto, em sua casa, vítima de um ataque cardíaco. (a família desconhecia que ele tivesse qualquer problema cardíaco).
Em 2003, um incêndio inexplicável atingiu o apartamento de Jan-Andrew, onde também ficavam os arquivos da empresa de tours. A companhia de seguros não conseguiu identificar a causa, e o fogo destruiu anos de cartas, fotos e relatos sobre o Poltergeist MacKenzie, bem como todos os objetos pessoais de Jan. Nenhuma propriedade vizinha foi atingida.
As explicações para os fenômenos ativos e consistentes que acontecem no mausoléu e ao redor dele são variadas. Especialistas em paranormalidade afirmam que os ataques que acontecem ali são do tipo “poltergeist”. Acontece que, em fenômenos tipicamente poltergeist, sempre existe um “agente”, uma pessoa que, inconscientemente, está no foco das ocorrências. Também afirmam que a maioria dos episódios paranormais cessa em menos de um ano. Mas ninguém mora no mausoléu, para servir de agente, e já faz duas décadas que os episódios ocorrem ali.
Outra explicação seria a de que feromônios secretados pelos mortos enterrados ali teriam, de alguma maneira, ficado gravados no local. Combinados com o medo e a apreensão dos visitantes, esses feromônios causariam náuseas, sensação de frio repentino, tonturas e talvez até alguns dos episódios paranormais.
Uma terceira explicação aponta que a culpa talvez seja da Universidade de Edimburgo. Uma unidade de pesquisa em inteligência artificial fica em um prédio aos fundos do mausoléu, e as máquinas de alta voltagem utilizadas ali poderiam estar emitindo uma energia eletromagnética que afeta pessoas mais sensíveis. Isso poderia explicar um mal-estar ou mesmo uma alucinação, mas não explica os ataques físicos presenciados pelos visitantes.
Qualquer que seja a explicação, é fato que algo muito estranho – e sinistro – acontece ali. Na dúvida, prefiro manter distância do mausoléu, e sempre aconselho as pessoas que levo ali perto a fazerem o mesmo. Melhor não arriscar incomodar o Bluidy Mackenzie….
luciene
Adoro suas postagens e essas “assustadoras” estão demais!!!!
Anelise
Obrigada, Luciene!
Lucimara
Adorei a postagem. Bem convidativo… Será que eu teria coragem?
Talita Lemes
Caraca mano eu to muito chocada com essa postagem, juro, medo real depois de tanto tempo morando em Edin kkkkkkk
Rychel moura
Muito interessante tenho vontade de passar por experiências assim acho incrível pois é algo que não vemos é inacreditável coisas assim queria muito passar por isso pra depois relatar,incrível isso