1. Fica no coração da cidade
Após chegarmos em Aberdeen, passaram-se duas semanas para eu me recuperar do choque inicial e para que o tempo ficasse firme o suficiente para eu criar coragem para ir caminhando até o centro da cidade. Um dia frio, mas bastante ensolarado, dia 25 de dezembro de 2015. O nosso destino era caminhar pela Union Street, a grande avenida da cidade. Ao entrarmos nela, logo nos deparamos com um enorme pórtico de granito, com árvores muito altas, que naquela época de inverno, encontravam-se desnudas. Ao fundo, a catedral (aqui chamada The Mither Kirk ou The Mother Church) da cidade, a Kirk of Saint Nicholas, com as típicas torres pontiagudas de estilo gótico. O jardim, que as pessoas ocupam como praça, era algo peculiar: um cemitério!
Confesso que aquele cenário me deixou algo desconfortável. Como assim? Comer sanduíches e ler livros ao lado de uma tumba? Só consegui botar o pescoço para dentro do portão, tirar algumas fotos de turista e seguir adiante. Entretanto, a medida que fui me ambientando a este país tão antigo, com tanta história, também fui me aproximando da catedral da cidade.
2. A histórica igreja
Tem-se registros de que ela já existia em 1157 d.c.. Foi consagrada a Saint Nicholas, padroeiro dos navegadores, atividade muito intensa em Aberdeen, que também é padroeiro da cidade. No século XV era uma das maiores igrejas da Escócia medieval.
3. O campanário
Atualmente, seu campanário é composto de 46 sinos, o segundo maior do Reino Unido, que aos domingos entoam belas melodias, inclusive gravei um vídeo. Achei lindo. Entretanto, já foi composto por cerca de 30 sinos belgas, mas com uma melodia que não agradava.
4. Configuração particular
Nela, duas congregações se uniram em 2002: a Church of Scotland e a United Reformed Church. Foi a primeira igreja escocesa que conheci. Bastante diferente do que eu esperava e dos padrões das igrejas católicas. Toda de granito, no seu hall de entrada já se sente a antiguidade do local. Um cheiro de umidade, a falta de luminosidade nos faz voltar no tempo. Na nave central, não há altar nem imagens. Os bancos são dispostos como em um quadrado e no centro se dispõe a mesa do ministro. Para mim, tudo novidade. Pode-se encontrar mais informações no site http://www.kirk-of-st-nicholas.org.uk/
5. The Churchyard
Mas realmente o que me chamou a atenção foi o cemitério que se tornou “praça “, onde pessoas vão passar seu horário de almoço ou dar comida aos pombos. Como é muito úmida, a grama é aquele verdinho homogêneo, como um tapete. Bem escocês. Os túmulos tem um padrão unusual: parecem mesas, com um tampo de granito vazio embaixo. Alguns já muito antigos tem seus entalhes bastante desgastados. Em outros, se pode ler os sobrenomes tão comuns por aqui, como McDonald, McLeods… grande parte falecidos no século XIX. Meu pai, com sua curiosidade, tirou fotos e pesquisou sobre as pessoas ali sepultadas: engenheiros, comerciantes, advogados. Me chamou a atenção que, mesmo nessa época, muitos faleceram após os 70 anos de idade.
6. The Roof Garden
O jardim da Saint Nicholas se comunica com um espaço muito legal chamado The Roof Garden, que fica sobre a galeria Saint Nicholas, por isso o nome. Tem um coreto, onde já assistimos uma apresentação de jazz e um espaço para crianças muito bem conservado. Também tem jardins e mesas para refeições.
7. Mais um lugar de paz
Em alguns domingos, passei um tempo nesse ponto da cidade, que apesar de central, é muito pacífico e silencioso. Aprendi a ver um cemitério não como um lugar sombrio, mas como um lugar para se aquietar e contemplar nossa finitude.
Ellen Franco
Adorei o post, essa igreja fica próxima a Edimburgo?
Silvia
Oi Ellen, que bom que gostaste!!
É muito lindo mesmo!
Olha só, Aberdeen fica ao noroeste da Escócia, no litoral do Mar do Norte (quem sabe escrevo um pouco sobre ela? Me deste uma ideia) . Fica a duas horas e meia de trem de Edimburgo. A
Beijos